ALUÍSIO DUTRA: CONTADO A HISTÓRIA DE PATU E SUA GENTE
ALUÍSIO DUTRA DE OLIVEIRA – NASCEU EM JUCURUTU, ESTADO DO RIO GRANDE DONORTE E RADICADO NA CIDADE DE PATU
O “Prosa de
Artista” dessa semana será com o professor, escritor e historiador, Aluísio
Dutra de Oliveira, acadêmico da APLA – ACADEMIA PATUENSE DE LETRAS E ARTES.
Embora atuando como professor do Departamento de Ciências Contábeis –
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – Campus Avançado de Patu – curso
de Ciências Contábeis, Aluísio Dutra é um apaixonado por história e rádio.
Atualmente está como vice-diretor do Campus Avançado de Patu com mandato de
quatro anos. O professor Aluísio Dutra também é sindicalista e faz parte da
representação da ADUERN – Associação dos Docentes da Universidade do Estado do
Rio Grande do Norte, seção sindical do Campus Avançado de Patu. O professor
atua também nos Movimentos Sociais Organizados da Região Oeste do Rio Grande do
Norte, sendo integrante do Fórum das Organizações Sociais de Patu e membro das
ONGs, Território Sertão do Apodi e Asa Potiguar. Ele tem atuação na política
partidária onde foi eleito vice-prefeito do município de Patu nas eleições
municipais do ano de 2008 e suplente de vereador nas eleições municipais de
2004.
Aluísio Dutra tem importantes trabalhos voltados para o resgate da história de Patu e Região Oeste do RN, que visam manter viva a história dessa região. Um dos seus principais trabalhos tem sido o resgate da história do transporte ferroviário da região, comandado pela Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Ele tem procurado resgatar documentos, depoimentos de ex-ferroviários e seus familiares, além de fatos e fotos sobre a história da ferrovia que interligava o Rio Grande do Norte a Paraíba até os anos 90.
Aluísio lançou no último dia 30 de abril, o livro, Patu: A História da Sua Gente. O livro traz o relato de pessoas que ajudaram a construir a história do município.
Ainda segundo ele,
outro trabalho que deverá ser transformado em livro é o resgate da história
sobre a linha férrea, sobre o ramal, Mossoró/Souza na Paraíba. Ele lembra, por
exemplo, que o último trem passou pela estação ferroviária de Patu no ano de
1999. Em 2002 arrancaram os trilhos, pondo fim a esse importante trecho
ferroviário para o desenvolvimento econômico da região. A História será contada
no livro PATU: Lugares e Memórias que pretende lançar no mês de setembro,
período da festa da Padroeira N.S. das Dores.
A Prosa com o
professor Aluísio Dutra promete uma verdadeira viagem ao passado, que merece
ser acompanhada por quem deseja conhecer uma pouco mais sobre a história de
Patu e do interior do RN. Venha prosear com a gente!
POR FABIANO SOUZA
Prosa de Artista – Gostaria que você nos contasse um
pouco sobre a sua história. Onde nasceu família, infância, filhos.
Aluísio – Nasci na cidade de Jucurutu-RN em 11 de novembro de 1962, filho
do ex-combatente da segunda guerra mundial, José Dutra de Oliveira e Dona
Francisca Dutra de Morais. Sou casado com Maria Luciene Alves de Oliveira,
temos dois filhos: Marcos Dutra e Luma Dutra, e uma neta, Luna Maria. A minha
infância foi difícil, sofrida, porém muito sadia, na época dela se inventava os
brinquedos e brincadeiras. Hoje tudo existe pronto pra vender, tirando a
criatividade das crianças.
P.A.: Como foi sua
educação formal, os primeiros anos de ensino e posteriormente a conclusão do
ensino superior e especializações?
Aluísio: Minha primeira
escola foi na rua em que residia na cidade de Caicó, onde aprendi as primeiras
letras com a professora Maria Zene. O primeiro Grau foi na escola pública,
Escola Estadual Monsenhor Walfredo Gurgel, Caicó-RN, chamada na época de Escola
Modelo, possuía um ensino inovador. Fiz graduação no Curso de Ciências
Contábeis na UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte e especialização
latu sensu na UERN – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, na área de
Contabilidade Gerencial.
P.A.: Como você se
definiria como estudante?
Aluísio: Fui um
aluno bom, mediano, nunca fui reprovado, mesmo não tendo condições de comprar
os livros exigidos. Hoje tudo está mais fácil, o governo, através do Ministério
da Educação, fornece os livros. Na minha época era difícil até fazer xérox.
P.A.: Por que a
escolha de um curso de Contabilidade?
Aluísio – Eu morava
em Caicó e não tinha condições de fazer um curso fora da cidade, por exemplo,
Natal, então, fiz vestibular para o Curso de Ciências Contábeis, pois no
primeiro grau tivemos experiência na Escola Modelo, de vivenciar um escritório
de contabilidade, gostei da experiência e resolvi me graduar na área contábil.
P.A.: Como surgiu
seu interesse pela história e literatura?
Aluísio: Com a
experiência de atuar em rádios comunitárias. Apresentei com o poeta Zé Bezerra
o Programa Nordeste ao Som da Viola pela Serrana FM de Patu. Apresento há 13
anos o programa Nordeste da Gente pela FM Educativa da cidade de Almino Afonso,
sempre divulgando a cultura popular, experiência que me fez gostar da cultura
popular. Na verdade, acredito que os programas despertaram a cultura dentro de
mim.
P.A.: Quais foram
as suas primeiras leituras e quem foram os seus influenciadores.
Aluísio: Quando
criança em Caicó ouvia sempre o Programa Violeiros do Seridó, pela Rádio Rural,
bem como na feira livre acompanhava os trabalhos de cordéis do senhor Leandro
Simões. Fui criando gosto e lendo os trabalhos dos poetas Antônio Francisco, Zé
Bezerra, Helena Bezerra, Amazan, Chico Pedrosa, Zé Laurentino, Jessier Quirino
e muitos outros. Esses artistas sempre divulgo nos meus programas de rádio.
P.A.: Você participa
de diversas entidades e movimentos culturais no RN. Como você avalia o atual
momento cultural no estado, levando-se em conta a questão da pandemia?
Aluísio: O atual
momento está sendo muito difícil para a cultura popular que necessita de
público para sobreviver. Vejo a difícil situação dos repentistas, emboladores
de cocos, artistas de ruas e muitos outros que exercem as suas profissões na
área da cultura popular. O apoio governamental é muito pequeno, não atende a
todos e desta forma muitos procuram as chamadas “lives” transmissões ao vivo,
utilizando as redes sociais em busca de alguma renda.
PA.: O que o
trabalho de historiador e escritor representa hoje em sua vida?
Aluísio: Apesar de
não ser a minha principal ocupação, mas, representa muito para minha pessoa
porque tenho a certeza que estou contribuindo com a preservação da cultura
popular. Estou contribuindo com o resgate histórico de lugares e memórias para
que não fiquem esquecidos e guardados dentro de baús.
P.A.: O que você
espera atingir no leitor, quando o mesmo começar a ler seus textos?
Aluísio: Espero que
minhas histórias e resgates instiguem às pessoas a dar valor a sua própria
história e a história do seu município. Muitas vezes as pessoas tomam
conhecimento que faz parte da família de determinada pessoa através dos meus
relatos históricos. Isso é muito gratificante.
P.A.: Fale-nos um
pouco sobre do que trata seu livro e o que ele significa em termo de
contribuição para as futuras gerações.
Aluísio: O livro
Patu: A história da sua gente, tem como objetivo resgatar um pouco da história
de Patu que foi construída através de muitas mãos, de pessoas simples,
humildes, que foram esquecidas e desta maneira procuro resgatar para que muitos
tomem conhecimento. Em Patu existe um cemitério público, hoje desativado, no centro
da cidade, do século XIX. Praticamente ninguém sabe quem foram as pessoas que
estão sepultadas ali, ou seja, foram os primeiros moradores de Patu que estão
sepultados em um espaço que atualmente está abandonado sem nenhum zelo, não
merecendo o respeito do poder público.
P.A.: Escrever e
publicar um livro, não é uma tarefa fácil. Que tipo de incentivo você recebeu
seja da iniciativa privada ou pública para concretizar esse sonho de publicar
um livro sobre Patu?
Aluísio: Realmente
não é fácil produzir e publicar um livro. Não recebi nenhum apoio público,
recebi apoio de alguns amigos e parceiros.
P.A.: Você disse
que tem planos de publicar novos livros e inclusive já falou sobre ele. Como
será esse novo trabalho e quando será publicado?
Aluísio: Tenho sim,
inclusive o segundo livro, Patu: Lugares e Memórias, se encontra 90% concluído
e deverá ser publicado no mês de setembro, no período da Festa de Nossa Senhora
das Dores de Patu e Feira Cultural da cidade. O livro tem por objetivo resgatar
a histórias de muitos lugares como: As estações ferroviárias do ramal
Mossoró-Souza, Campus Avançado de Patu, Instituições Bancárias da cidade,
Igrejas católicas e evangélicas, antigo motor da luz, cruzeiro sobre a Serra do
Patu, bem como a história do Santuário do Lima que foi contada com a
participação do ex-padre Silvano Schoemberger, que já foi reitor do Santuário
do Lima, descendente de alemães, traduzindo muitas informações escritas no
livro tombo pelos padres alemães e poloneses que passaram pelo Santuário do
Lima, em especial o fundador do Santuário, Padre Henrique Spitz. O livro também
relata sobre a ameaça de lampião de invadir Patu e o desaparecimento dos restos
mortais do cangaceiro Jesuíno Brilhante que sumiram, que deveriam fazer parte
das memórias de Patu.
P.A.: Além de
professor, escritor e radialista, você também é um homem da política. Conte um
pouco sobre sua história como militante político e quais os seus projetos para
o futuro?
ALUÍSIO COM O POETA ANTONIO FRANCISCO
Aluísio: Realmente
tive experiência na política onde fui candidato a deputado estadual na eleição
de 2004, sendo o segundo mais votado na cidade de Patu, fui eleito
vice-prefeito na eleição de 2008, mas, infelizmente não assumi em virtude do
TSE ter anulado a eleição e mandar fazer novo pleito suplementar. Ajudei ao
partido que sou filiado – PT, a eleger por duas vezes um mandato na câmara
municipal de Patu, elegendo a vereadora Lucélia Ribeiro. Já gostei muito de
política, mas hoje não é mais a minha prioridade. Prefiro exercer a minha
profissão de professor da UERN e no dia a dia ser um contador de histórias,
fazendo programa de rádio, me sinto mais realizado.
P.A.: Como foi que
você também iniciou sua carreira no rádio e como está esse trabalho no rádio?
Aluísio – Realmente
tenho paixão pelo rádio, é muito gratificante conversar com as pessoas através
das ondas do rádio. Na cidade de Caicó sempre eu frequentava a Rádio Rural,
ficava de longe observando os locutores apresentarem os programas, ficava
fascinado com o que via. Em Patu no ano de 1998 fundei a Rádio Serrana FM, que
funcionava na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, durante alguns anos.
Como a legalização não saiu, a rádio foi fechada pela ANATEL. Fui
correspondente da Rádio Rural de Mossoró a convite do Padre Américo Simonetti.
Todas as manhãs eu levava informações de Patu e região para o Jornal Regional
através do telefone.
P.A.: Na época de
rádio, você já escrevia alguma coisa, e tinha interesse em escrever um livro?
Aluísio: Na Serrana
FM eu apresentava o Jornal do Meio Dia, programa de muita audiência, e sempre
eu era procurado pelos jornais e jornalistas da região, principalmente de Natal
e Mossoró, para informar notícias de Patu e região, fato que me fez escrever e
criar um blog de notícias que ainda hoje mantenho atualizado, Blog da Folha
Patuense.
P.A.: O que você
gostaria que eu tivesse perguntado a você que eu não perguntei nessa
entrevista, mas que você gostaria de ter respondido e por quê? Aproveite para
fazer suas considerações finais.
Aluísio: rsrs. Acho
que você perguntou tudo, mas gostaria de relatar sobre a nossa grande amizade e
parceria que sempre fiz com você, meu amigo Fabiano Sousa, para informar com
credibilidade e respeito aos leitores. Hoje o mundo está contaminado com o
coronavírus e também se prolifera a indústria da mentira com as chamadas “Fake
News” causando um grande mal aos leitores e a sociedade, espalhando a mentira e
a maldade dentro das casas das pessoas. Só tenho que agradecer por esse espaço
de contar um pouco da minha vida. Muito obrigado. Valeu mesmo!!!
FONTE O OESTE EM
PAULA